Profa. Virgínia Fontes (UFF e ENFF) abriu as atividades com palestra sobre a organização da classe trabalhadora no contexto pós-pandemia
Nos dias 24 e 25 de agosto, o GECA/UFSC recebeu em Florianópolis cerca de 19 integrantes de sete grupos de pesquisa em educação do campo de universidades brasileiras para o VI Encontro da Rede Latino-americana de Estudos e Pesquisas Marxistas em Educação do Campo. Na programação também ocorreu o III Seminário de Estudos e Pesquisa em Educação do Campo, que discutiu a pesquisa nacional EDUCAÇÃO E ESCOLAS DO CAMPO EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19.
A mesa de abertura dos eventos contou com a palestra Capitalismo e educação pós-pandemia: indicativos para a organização da classe trabalhadora, ministrada pela professora Virgínia Fontes, historiadora docente da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). A palestra foi aberta a toda a comunidade e contou com a participação de cerca de 120 pessoas, entre docentes e estudantes da graduação e pós-graduação.
Entre outros temas, Fontes pesquisa as forças de expansão e de organização da elite no capitalismo contemporâneo. Ela destacou que esses temas de pesquisa se relacionam com a educação na formação política, na socialização do conhecimento com a classe trabalhadora e, inclusive, no entendimento sobre a dominação burguesa na educação pública e na recente reforma do ensino médio.
Parte da palestra de Fontes foi direcionada à descrição de organizações sem fins lucrativos, criadas por grandes empresas privadas, com o intuito de atuar e investir em projetos que financiam a elaboração de materiais didáticos, bolsas de estudos, entre outras ações inseridas nas escolas e universidades públicas voltadas ao incentivo meritocrático, tanto de alunos(as) quanto de professores(as). “E isso tudo é luta de classes. São estratégias de captura e sujeição da classe trabalhadora. A luta de classes também está presente na educação através dessa dominação burguesa dos sistemas educacionais instalados nas escolas e universidades. É preciso converter a educação pública em educação gratuita. E penso que, atualmente, a dominação burguesa depende da dominação da educação”, disse.
Sobre a organização da classe trabalhadora na educação, Fontes reforçou que é preciso ter em mente que o momento é de enfrentamento de pautas complexas e isso pode ser desanimador. No entanto, também é aglutinador de forças e processos organizativos. “É uma construção coletiva e não temos uma solução pronta para a organização e coesão da classe trabalhadora. Mas olhando e discutindo as contradições existentes é que nos articulamos para lutar. Na luta contra o capital temos de enfrentar todas as ameaças em todas as escalas e olhar quem comanda essas ameaças em cada contexto. No nosso caso, da educação, é a burguesia brasileira”, pontua.
O VI Encontro da Rede Latino-americana de Estudos e Pesquisas Marxistas em Educação do Campo e o III Seminário de Estudos e Pesquisa em Educação do Campo: EDUCAÇÃO E ESCOLAS DO CAMPO EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19 foi coordenado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação, Escola do Campo e Agroecologia (GECA/UFSC) e realizado pela REDE LATINO-AMERICANA DE ESTUDOS MARXISTAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO, que é composta pelo GECA/UFSC e:
Grupo de Pesquisa em Educação do Campo, Cooperação e Agroecologia (GECCA-UFFS)
Núcleo de Pesquisa: Educação, Campo, Trabalho, Práxis e Questão Agrária (NALUTA-UFPR)
Grupo de Pesquisa em Campo, Movimentos Sociais e Educação do Campo (MOVECAMPO-UNICENTRO)
Grupo de Pesquisa em Educação do Campo, Agroecologia e Movimentos Sociais (GECA-UFRB)
Grupo de Estudos em Formação Humana, Educação e Movimentos Sociais Populares (GEFHEMP –
UNIOESTE)
Os encontros contaram com o apoio do Programa de Pós-Graduação de Serviço Social/UFSC, Departamento de Serviço Social/CSE/UFSC e do Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão Terra, Trabalho e Resistência (TTR).
Por Suelyn da Luz, jornalista e integrante do GECA/UFSC